sexta-feira, 18 de março de 2011

O Crescente Poder das Empresas Confiáveis

A competição está cada vez mais intensa no meio digital. No mercado de e-books, por exemplo, temos a Amazon, o Google e a Apple na disputa. Este é um ótimo exemplo para mostrar o poder da confiabilidade quando se trata de negócios. Estes três gigantes da indústria digital têm como base para o sucesso empresarial o ganho e a manutenção da confiança de seus clientes.

Relembrando a guerra do Irã-Iraque nos anos 1980, na qual mais de um milhão de pessoas morreram e ambos os lados eram culpados de atrocidades terríveis, Henry Kissinger havia dito que era uma pena que os dois lados não pudessem perder e sair derrotados. Hoje, quando olho para a competição entre a Amazon, Google e Apple no cenário de e-books, vejo que todos os três poderiam ganhar. Provavelmente não haverá três ganhadores, porém, a minha previsão é que o vencedor da batalha será aquele que estiver mais disposto a colocar os interesses do cliente no centro de sua estratégia. Embora eu seja muito leal como cliente da Amazon e Kindle, agora, a minha aposta seria no Google.

É claro que a Amazon é uma empresa que possui uma boa reputação por tratar bem seus clientes, e eu venho enfatizando isso em diversos lugares; inclusive no Blog (1to1). Todo mundo que não viveu dentro de um armário na última década já está se familiarizando com a maneira que a Amazon se preocupa com seus clientes, colocando os interesses deles acima de tudo.

A Apple se beneficia da reputação que tem oferecendo software e produtos "cool". Além disso, sua filosofia é muito sintonizada com os interesses do cliente. Um colega meu do Peppers & Rogers Group, Orkun Oguz, colocou isso como um fator de sucesso da Apple, em meio a outras empresas que lutavam contra a recessão. A Apple tem uma longa história agindo de acordo com os interesses dos seus clientes, mesmo que em algumas vezes contrarie os seus próprios interesses financeiros em curto-prazo. Em abril de 2006, por exemplo, quando a Apple relatou que suas vendas do varejo estavam abaixo do esperado, um analista financeiro entendeu esta queda como um trade-off temporário, para ganhar a confiança de seus clientes. Shaw Wu da AmTech, salientou que sua empresa não ficou "muito preocupada" com os números decepcionantes da Apple naquele trimestre, pois eles acreditavam que esta fraqueza era sazonal. "Além disso, os vendedores da Apple foram instruídos a não oferecerem o PowerPC Macs a clientes que preferiam esperar por versões da Intel", diz Shaw. Ele acrescenta que "Neste momento em que estamos vivendo, onde se dá enorme importância a números, acreditamos que a Apple está inserida em um grupo raro de empresas que estão dispostas a sacrificar suas oportunidades de lucro em curto prazo por um sucesso maior em longo prazo, desenvolvendo a confiança do cliente".

O Google também é uma empresa que se preocupa em agir de acordo com os interesses de seus usuários, isto é, os consumidores comuns que acreditam e confiam nas pesquisas e outros produtos do Google.

Agora, estas três empresas altamente orientadas ao cliente estão se aventurando no mercado de e-books. Dos três e-books, me parece que o "Google Editions" é o que foi mais projetado levando em conta os interesses dos clientes. Ambos Amazon e Apple estão competindo no mercado através de produtos desenvolvidos internamente de maneira "fechada"- o Kindle e o IPad - enquanto o Google parece ter a intenção de manter o Google Editions o mais próximo possível dos seus clientes. No entanto, é muito gratificante ver essas três marcas centradas no cliente moldando uma luta concorrencial, para ver qual deles consegue ter maior foco no cliente. Eu com certeza gostaria que todos ganhassem!

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