terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Os eBooks e o Custo Brasil

Quem costuma viajar para o exterior sempre é lembrado do custo Brasil ao confrontar os preços cobrados por qualquer tipo de mercadoria aqui e lá fora.  Um exemplo claro disso é o do automóvel, que custa para o brasileiro cerca de 50% a mais do que para qualquer outro consumidor do planeta.  Para a maioria dos produtos, a principal causa do alto custo é a mão pesada do governo que taxa excessivamente tudo que se produz por aqui, o que acaba inflando os custos em toda a cadeia distributiva. No caso dos ebooks, os livros digitais que estão nascendo para o mercado em todo o mundo, isso não poderia ser diferente. 

As editoras se deparam em primeiro lugar com a necessidade de registrar um ISBN, um código numérico para cada livro, de forma a identificar os seus produtos. 

Para fazer isso, são obrigadas a contar com a boa vontade de um órgão chamado FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL, que funciona como uma espécie de cartório de registro das publicações realizadas no Brasil. O processo, além de arcaico e burocrático, é caro. É preciso imprimir o arquivo digital em papel e enviar para este órgão juntamente com o preenchimento de formulários. A taxa para esse órgão recolher essa papelada e guardar em algum canto que não tenha goteiras é de cerca de R$ 100 por título, ou seja, uma editora que possui mil títulos gasta R$ 100 mil somente para registrar seus ebooks.

Conversão de formato dos ebooks

Outra dificuldade é a mudança de formato dos ebooks. Atualmente o mercado editorial está caminhando para a utilização do ePub como padrão para a comercialização dos títulos na versão eletrônica, o que acaba tornando a conversão de arquivos, geralmente de PDF para ePub, praticamente uma necessidade. Esse trabalho é realizado por empresas que cobram cerca de 2 reais por página convertida. Assumindo um tamanho médio de 200 páginas por ebook e utilizando o exemplo da empresa que possui 1.000 títulos, o investimento necessário para a conversão será de (200 x 2 x 1.000) R$ 400,00 mil.  

Custo de distribuição

Para dificultar ainda mais, as empresas distribuidoras transferiram para o mundo digital a sua tradicional margem de ganho de 50% sobre o valor de capa, mesmo considerando que todo o processo de armazenamento e entrega será realizada de maneira eletrônica, com os ebooks armazenados em um servidor e acessados pelos compradores por meio da Internet. Então, um ebook cujo valor de capa seja R$ 10,00 gerará para a editora uma receita bruta de R$ 5,00.  Descontando-se os direitos dos autores entre 10% a 20%, e todos os custos fixos e variáveis da empresa, percebe-se que não vai ser muito fácil a vida dos editores no novo mundo digital. 

Equipamentos de leitura

Uma última barreira a ser superada pelo mercado de ebooks encontra-se nos equipamentos utilizados para leitura de ebooks. Atualmente são utilizados majoritariamente os ebooks readers, como o Kindle da Amazon, os tablets, como o Ipad, da Apple e, em menor escala, os smartphones, como o Galaxy da Samsung. Produtos eletrônicos, assim como qualquer outro, são pesadamente taxados no Brasil. Para se ter uma idéia, o Ipad4 -32 gb que pode ser comprado nos Estados Unidos por cerca de U$ 599 é comercializado por aqui,  pela bagatela de 2.199 reais, ou U$ 1.099, exatamente o dobro.  Considerando essa sobretaxa de 50% e o alto nível de renda dos brasileiros, é óbvio que as pessoas terão muito mais dificuldade para migrar para o mundo eletrônico. Azar dos leitores, azar dos editores, azar do Brasil, que poderia aproveitar a grande revolução da Internet para diminuir o abismo educacional, que existe entre nós e o restante dos países saudáveis do mundo.  
Será que esse pessoal que reside no planalto central, e gosta de construir estádios, em algum momento pensa nessa questão?  Sou otimista, mas não tanto.

Fonte: Dailton Felipini é mestre e graduado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Consultor especialista em e-commerce, autor de cinco livros sobre ecommerce, editor do site www.e-commerce.org.br e da LeBooks: Livraria de eBooks.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Dez Questões Digitais que Merecem Atenção

Alguns fatos interessantes que você deve, ou não, ficar atento:

- 30% da publicidade online nunca é vista pelo consumidor final, principalmente porque as propagandas estão no final da página e 2/3 dos usuários não rolam a página até o final para ver.
- A média de cliques para publicidade online é apenas 0.1%. Em outras palavras, uma propaganda gera apenas um clique entre as milhares de vezes que é mostrada, e esta métrica ainda soma os cliques de publicitários testando a efetividade de sua campanha online.
- O Smart Phone no seu bolso seria qualificado como o computador mais potente em 1985.
- Varejistas podem perceber um aumento de 60% fazendo uso completo do Big Data já disponível. Entretanto, apenas nos EUA, perceber todos os benefícios econômicos dos dados disponíveis atualmente, entre todas as indústrias, requer um adicional de 140.000 analistas qualificados.
- O custo atual para obter um disco de computador capaz de armazenar 100% de todas as músicas do mundo é apenas 600 dólares.
- Em novembro, o Facebook contabilizou 10% do tempo gasto online nos EUA, atraindo 150 milhões de visitantes únicos. O LinkedIn foi o próximo, com 41 milhões de visitantes únicos em novembro de 2012.
- Quase 1/3 das compras de consumo eletrônico é feito online atualmente, mas apenas 1% dos bens diários, de uso básico é comprado online.
- A receita de publicidade online está subindo uma media de 100% ao ano.

Todos esses fatos interessantes foram apresentados recentemente por Gian Fulgoni, presidente da comScore, no formato de conferências e posts em blogs. Alguns dias atrás ele resumiu os dez “tópicos quentes no mundo digital” em um post compreensível (4000 palavras) no blog da própria empresa. Vale a pena prestar atenção no que ele tem a dizer, porque ele usa uma perspectiva extremamente bem informada, e se você quiser ler a visão dele com mais detalhes, eu convido você a clicar no post original.

Em resumo, de qualquer forma, os dez “tópicos quentes” são:

- e-Commerce
- Mídias Sociais
- Mudar os gastos de publicidade para digital
- Público alvo versus locação de mídia
- Medir a entrega e efetividade dos planos de mídia digital
- Crescimento do número de Smart Phones e Tablets
- Planejamento de mídia multi-plataforma e análise
- Ideias de marketing em tempo real
- Considerações de privacidade

Um dos comentários interessantes de Folgoni tem a ver com a preocupação que as pessoas tem sobre sua privacidade online, em vista da capacidade de rastreamento que as ferramentas usadas por publicitários possui. Ele diz que quase todos esses rastreamentos e ferramentas de público alvo são baseados em cookies anônimos, que não coletam absolutamente nenhuma informação de identificação.  A conclusão dele, claro, é que você pode ser rastreado online, mas que na verdade não pode ser identificado.

Entretanto, eu acho que é apenas uma questão de tempo até o uso efetivo e robusto do Big Data, de fato, produzir identidades reais para ligar a comportamentos específicos online. O mundo está se tornando de fato mais e mais transparente. Tudo pode estar apenas translúcido hoje, mas, e amanhã…?

Fonte: Don Peppers 1to1Blog