quarta-feira, 26 de junho de 2013

As inovações vem das Redes

O economista Leonard Read, uma vez usou um lápis comum de madeira para elaborar um argumento fundamental sobre a natureza da tecnologia e da inovação. Mesmo algo tão simples quanto um lápis, disse ele, "nenhuma pessoa na face da terra, individualmente" realmente sabe como fazer, partindo do zero!

Você teria que começar pela extração da madeira com serras, machados, cordas e outros equipamentos, o que significa que você também teria que extrair e fundir o minério para fazer essas ferramentas, cultivar a comida para poder alimentar os lenhadores e construir uma hidrelétrica para ter energia para a serraria. Você precisaria extrair o grafite em Sri Lanka, misturá-lo com hidróxido de amônia e sebo sulfonado, depois cozinhá-lo a 2 mil graus centígrados antes de tratar a mistura com cera de eufórbia, parafina, e gorduras hidrogenadas naturais.

O argumento de Read não é apenas que nenhuma pessoa poderia fazer todas essas coisas, mas que nenhuma pessoa sequer sabe como fazer todas essas coisas. Absolutamente ninguém. (Rapidamente: Você sabe ao menos o que é cera de eufórbia ou sebo sulfonado?)

Mas mesmo que ninguém saiba fazer um lápis, o lápis ainda chega às lojas, mais ou menos da mesma forma que as colmeias aparecem nos campos: O lápis surge das ações coletivas de diferentes pessoas que fazem diferentes coisas. Na verdade, todos os produtos da tecnologia humana, de lápis e doces a aviões e iPads, tem sido "inventados" pela combinação de tecnologias desenvolvidas anteriormente. E hoje, assim como não há uma única abelha que saiba fazer uma colmeia inteira, não há um ser humano que saiba fazer um lápis sozinho.

Toda inovação é realmente apenas o resultado da combinação de duas ou mais inovações anteriores. Como Matt Ridley, o comentarista Inglês colocou de forma "colorida", ideias se juntam e "fazem sexo", dando origem a mais ideias ainda.

 Dessa forma, cada nova inovação é, na verdade, apenas um nó adicional dentro de uma rede de inovações cada vez mais emaranhada. Ou devo dizer "rede de redes".

Essa perspectiva de rede em inovação tem várias implicações. Por um lado, a velocidade com que as inovações aparecem inevitavelmente acelera por conta de:

- O crescente "estoque" de inovações anteriores, que agora podem ser combinadas,
- O crescente número de mentes criativas que podem surgir,
- A maior velocidade e eficiência da interação entre as pessoas, e,
- O nível mais alto de confiança que as pessoas compartilham (isto é, quanto mais "eficiente" for a interação de uns com os outros).

A taxa de pedidos de patentes dos EUA tem, de fato, crescido mais de 600% só nas últimas cinco décadas. E como um concorrente no mundo de negócios, ao longo do tempo, você provavelmente vem experimentando toda esta gritante aceleração na velocidade de mudança como um tipo mais rápido e mais intenso de competição empresarial. Na realidade, o "relógio do jogo" da competição parece estar acelerando.

A segunda implicação, como Alistair Davidson sugere em seu novo livro Innovation Zeitgeist, é que as próprias inovações estão cada vez mais conectadas umas às outras, já que todas essas diferentes tecnologias estão misturadas. "Para dar um exemplo simples e bem conhecido", ele sugere, "um reprodutor de músicas isoladamente, sem uma loja de música associada, é menos valioso do que uma cadeia de valor completa com hardware, software, e-commerce e conteúdo". Cada um dos elementos dessa cadeia de valor representa um potencial de inovação isolado, mas muito relacionado. Em terceiro lugar, por conta da estrutura em rede da inovação, pode ser extremamente frutífero explorar os "laços fracos" que uma ideia inovadora tem com as outras. Estes mesmos argumentos de "laços fracos" também tem uma aplicação direta para a inovação e o progresso. As inovações mais 'de ruptura'  - ou seja, as inovações que tendem a criar mais valor - quase sempre resultam da combinação de tipos mais distantes de tecnologias, modelos de negócio, ou ideias.

"Pensar fora da caixa" significa apenas "explorar os laços fracos de uma ideia".

Um pensamento adicional sobre esta rede crescente de novas tecnologias. Em alguns domínios, hoje, o ritmo de inovação é tão rápido que é muito caro e muito difícil obter qualquer lucro substancial a partir de uma ideia patenteada antes que se torne ultrapassada. Assim, em um número crescente de situações, faz mais sentido simplesmente deixar que qualquer um use sua brilhante ideia nova, até mesmo seus concorrentes, pois o ritmo da mudança é tão rápido que mais valor pode ser criado para o seu próprio negócio, se os outros puderem combinar a sua nova ideia com a deles. A abordagem open-source do Android está agora gerando inovações mais rápido do que o iOS, que é um "ecossistema fechado." Por isso a Apple está começando a se abrir também.

Mas este impulso em direção a uma maior abertura se estende para além das plataformas como Google e Apple. Em 2011, por exemplo, o Facebook revelou voluntariamente os detalhes por trás de sua instalação de servidores altamente eficientes em Prineville, Oregon. Esses dados anteriormente eram sigilosos pois o uso eficiente da energia se tornou um problema importante a ser resolvido por todas as empresas de tecnologia, incluindo os próprios concorrentes diretos do Facebook . De acordo com o CEO Mark Zuckerberg, "Ao compartilhar isso, vamos tornar mais eficiente o crescimento de todo esse ecossistema." O próprio Facebook, é claro, é um dos principais beneficiários desse ecossistema.

Há um mundo de inovação em rede lá fora. E, como Martha Rogers e eu documentamos amplamente em nosso livro Confiança Extrema, em um mundo mais conectado, é inevitável que as pessoas passem a exigir mais a confiança das empresas e de outras pessoas com quem interagem.

Fonte: Don Peppers da Peppers & Rogers Group

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