O momento atual é muito favorável às contratações em todas as regiões do País. Dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, indicam que em março deste ano foram criados no Brasil 111.746 postos de trabalho com registro em carteira, 20,6% mais do que em março do ano passado. Os setores que mais contrataram foram os de serviços e construção civil. Os salários também subiram, cerca de 4,47%, comparados a 2011.
Apesar do mercado de trabalho estar tão aquecido, a taxa de desemprego estar baixíssima e existir falta de mão de obra qualificada, muitos profissionais com ótimo currículo são demitidos com frequência e não conseguem progredir na carreira. O que acontece a essas pessoas?
Entre as cinco principais razões que levam as empresas a demitirem seus funcionários quatro estão relacionadas a problemas comportamentais, como péssimo relacionamento com o grupo, acomodação, inaptidão para a liderança e falta de profissionalismo (não cumprem os prazos ou se atrasam com frequência). Apenas 20% das demissões – em países com baixas taxas de desemprego – têm relação com falta de conhecimento ou de preparo técnico. Ou seja, dependendo do cargo, não adianta a pessoa ser fluente em três idiomas, ter cursado uma faculdade de primeira linha e ter MBA se suas atitudes forem ruins.
Mais do que aproveitar a oportunidade para encontrar ou mudar de emprego, neste momento é importante que os profissionais brasileiros invistam não só na composição de um bom currículo como também no aprimoramento de suas habilidades comportamentais, já que, mesmo com um contexto tão favorável, as pessoas continuam a ser contratadas pela qualidade dos seus currículos e demitidas por suas atitudes.
Se prestarmos a devida atenção à questão, perceberemos que atitudes ruins têm grande relação com a falta de inteligência emocional. Até o lançamento do livro Estruturas da mente, do psicólogo americano Howard Gardner, em 1983, para a maioria das pessoas a inteligência era atribuída apenas a indivíduos com alto QI (quociente de inteligência). Gardner quebrou esse paradigma, mostrando em seus estudos a existência de pelo menos outras sete inteligências além do QI, e que cada pessoa é habilidosa de diferentes formas. Entre as inteligências múltiplas apresentadas pelo psicólogo, as que tratam da capacidade do indivíduo em se relacionar com as pessoas e conhecer bem a si mesmo, somadas, resultam no QE, ou quociente de inteligência emocional.
É importante ressaltar que o baixo QE pode destruir uma carreira. Pessoas com pouca inteligência emocional têm um autoconhecimento limitado, e aí começa o problema.
Normalmente esse indivíduo não tem consciência de seus comportamentos, e tem dificuldade em avaliar o impacto que suas atitudes podem causar nos demais. Como consequência, costuma ser egocêntrico, lida mal com o estresse, tem baixa tolerância a frustrações e, como consequência, costuma apresentar problemas comportamentais que normalmente resultam em demissões.
Diferentemente do QI, que muda muito pouco na idade adulta, a inteligência emocional pode ser aprimorada por meio da disciplina e do autoconhecimento.
É preciso que, antes de tudo, percebamos qual é o efeito que nossos comportamentos causam nas pessoas, no ambiente de trabalho, e até mesmo em nossa vida pessoal. Para isso, é essencial levarmos em consideração os feedbacks recebidos, sejam de um superior, sejam de um subordinado, sejam de parentes e amigos.
Saber usar os pontos fortes, administrar os pontos limitantes e persistir diante de frustrações são atributos que fazem parte das competências de um profissional com alta inteligência emocional. É importante ressaltar que isso não é importante somente na vida corporativa. Um alto QE nos permite perceber melhor quem somos, estabelecer relacionamentos mais saudáveis com aqueles que nos rodeiam e tomar atitudes capazes de tornar nossa vida muito melhor.
Fonte: Eduardo Ferraz é consultor em gestão de pessoas há 21 anos e especialista em treinamentos usando como base a neurociência comportamental.
Site: www.eduardoferraz.com.br
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